Me sinto sofrendo uma sucessão de assaltos. O pior é que acontece todos os dias, toda hora! Vou ter uma L.E.R de tanto abrir e fechar a carteira para tirar dinheiro. E é automático! Minha mão já sabe identificar, no escuro que habita uma bolsa feminina, a sutil diferença entre uma cédula de dez e uma de cinquenta ...
Pagar, pagar...ação que nunca tem fim, porque quando a papelada de boletos mal termina, lá vem o porteiro entregar com sorriso no rosto as seguintes. Passo os dias tirando trocados pra comprar batatas, um evento extra na escola, uma vassoura...Tem sempre alguma conta nova surgindo e um item na geladeira faltando, apesar de fazer as compras e estocar, alucinadamente, comida e produtos de limpeza para um mês. A ideia que existe lá no fundo da minha consciência é que vou ficar hibernando e isolada do mundo por uns tempos, ou que eu e minha casa seremos abduzidas para um lugar ermo e distante de um outro mundo qualquer- que, cá entre nós, não seria uma coisa tão ruim assim ...
Mercado. Sem dúvida, esse é o item da lista de despesas "fixas", isso porque a variação mês a mês é enorme, que absorve uma fatia considerável da minha pizza salário. O prazer dessa obrigação pra mim não durou uma estação. Não queiram me ver em dia de compras mensais... Juro, aquela pessoa não sou eu. Grande sacada: as idas ao mercado são reservadas para uma sexta feira à noite pelo silêncio e tranquilidade, mas, detalhe: não pode ser a primeira, nem a última do mês- porque, mesmo sendo uma SEXTA à noite, dia internacional da diversão, namoro e flerte, de cinema, passeio à lua, aniversários infantis e o que mais que tiveram a genialidade de inventar de bom e mágico, há uma movimentação enorme na primeira e última do mês, que é quando os assaliariados se vestem da doce ilusão que podem engolir o mundo e lá se vão comprar enlatados e congelados- assim como eu- pra durar um mês. Concorde comigo, uma sexta feira à noite não combina com o dilema da cebola branca ou cebola roxa...Muito menos com o ruído e o travamento de rodinhas, que só acontece quando vc já circulou tempo suficiente pra encher metade do carrinho.Mas é o melhor dia pra evitar morrer de tédio numa fila.
Ainda assim, todos os dias tenho que abrir a bolsa pra comprar alguma coisa. -Falta couve! -O palmito acabou! Pal-mi-to. Há meses não compro, e lógico, não como palmito, e estou sobrevivendo muito bem sem, obrigada, mas a empregada sempre pede. Num momento de conversa, quando falta assunto ela lança: " falta comprar..." mentalmente eu tento adivinhar e quase sempre acerto.O palmito é campeão. Seguido da azeitona, que, também, muito raramente tem passeado pelo meu sistema digestivo. Só uso azeitona no natal, pra fazer salpicão (e o meu é muito bom, diga-se), depois não compro mais...Mas todo mês ela insiste em pôr na lista. E me lembra dia sim, dia também, que falta aquele enfeite na minha dispensa. E, por ela pedir, fico com raiva do palmito, e da sua quase sempre vizinha azeitona, e acabo passando por eles com certa raiva no coração. Não preciso de palmito pra ser feliz, ultimamente prefiro Waffer de abacaxi.
Sem querer desviar do foco da conversa, mas fico intrigada em como minha empregada faz questão de ser bem específica e fiel às marcas e cores. Na lista sempre tem: Sapólio do azul, veja do rosa (levei o verde uma vez e ela passou a semana inteira de cara amarrada)...e tome uma infinidade de coisas com nome, sobrenome e cpf...
Hoje é quinta. A geladeira parece uma piscina, só tem água...Então tenho um programaço pra amanhã!
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